O hábito de caminhar um quilômetro extra [Napoleon Hill]

O que significa ‘caminhar um quilômetro extra’?

O mundo parece um grande ecossistema, repleto de pessoas que se limitam a seguir ordens e outras que nem isso fazem. Talvez eu esteja sendo injusto com os organismos que trabalham incansavelmente pelo coletivo, como as formigas que, embora dedicadas, não possuem a autonomia de decidir o seu caminho.

Todos os dias, a vida nos oferece oportunidades para ir além do esperado e fazer mais do que somos pagos para fazer. O verdadeiro reconhecimento surge quando o empenho vai além dos limites, trazendo valor real para o que fazemos.

Napoleon Hill, autor de A Lei do Triunfo, falava sobre a importância de ‘ir além do esperado’, o que ele chamava de ‘caminhar um quilômetro extra’. Esse esforço adicional é fundamental para alcançar o sucesso em qualquer profissão, desde que seja feito com equilíbrio para preservar a saúde e o bem-estar.

Imagine que você acorda cedo, enfrenta longas distâncias no transporte público, tem um chefe exigente e, apesar de todos os desafios, dedica-se ao trabalho com foco. Muitas vezes, é fácil sentir que está apenas cumprindo sua obrigação e nada mais. Mas é justamente nessa hora que surge a oportunidade de se destacar.

Quem nunca teve problemas ao tentar resolver algo com um atendimento ao cliente? Muitas vezes, a experiência é frustrante, e a espera nos testa. No entanto, mesmo nesses momentos, podemos aprender a controlar nossa impaciência e entender o processo que, por mais burocrático que seja, está nos ajudando a encontrar uma solução.

É possível ser otimista e encontrar satisfação mesmo em situações difíceis? Minha experiência diz que sim. Sempre que um atendente vai além, demostrando paciência ou oferecendo mais do que o esperado, há uma diferença clara na qualidade do atendimento. E é essa atitude que, ao longo do tempo, constrói um ambiente de trabalho mais positivo.

Isso acontece porque, em qualquer empresa, há pessoas que, apesar de não terem todas as informações ou treinamento adequado, fazem o possível para ajudar. A chave está em entender que o cliente precisa de ajuda, e, mesmo que não seja possível resolver tudo, ser educado, prestativo e buscar alternativas faz toda a diferença.

Como diz Jeffrey Gitomer em seu livro O Livro de Ouro das Atitudes YES, não é o que acontece com você, mas o que você faz com o que acontece. Você pode ter nascido em diferentes condições, mas o que realmente define sua trajetória é como você encara os desafios da vida e as escolhas que faz a partir desse ponto.

Em qualquer profissão, você pode escolher ser aquele profissional engajado, criativo e motivado, ou o profissional desmotivado e insatisfeito. Não importa se as condições de trabalho são ideais ou não, o que faz a diferença é a forma como você escolhe reagir a elas.

‘Caminhar um quilômetro extra’ é uma habilidade que nem sempre é ensinada em casa ou nas escolas. Na maioria das vezes, estamos mais focados em cumprir o básico, deixando de lado a busca por excelência e contribuição extra. Isso também acontece por conta da sobrecarga de trabalho, de normas rígidas ou da acomodação diante de um sistema que nem sempre incentiva o crescimento além do mínimo.

Embora ninguém precise se sacrificar ou prejudicar sua saúde para ‘ir além’, o esforço extra não significa trabalhar até a exaustão. Caminhar um quilômetro extra é sobre se dedicar um pouco mais, de forma equilibrada, sem perder o cuidado com sua saúde mental e física.

Recentemente, alguém me questionou sobre como deveria lidar com a falta de horas extras ou a pressão por não aproveitar certos direitos. Minha resposta foi simples: muitas vezes, precisamos aceitar que as condições de trabalho nem sempre são ideais. Porém, sempre há uma escolha sobre como reagir e o que aprender com isso, sem perder de vista nosso próprio valor e bem-estar.

No meu caso, quando eu tomava consciência das limitações que enfrentava, tomei as rédeas da situação e fiz o melhor possível dentro daquele contexto. Construí um bom patrimônio, criei meus filhos com dedicação, viajei e aprendi com diferentes experiências. Não passei necessidades e, mesmo nas adversidades, cresci tanto pessoal quanto profissionalmente.

Entendo que é fácil julgar quem passa anos em uma empresa sentindo-se injustiçado, mas a verdade é que a maioria das pessoas fica por uma série de razões. Às vezes, o medo de sair ou a falta de alternativas fazem com que elas se acomodem, mesmo em condições difíceis. Como diz o ditado, ‘tá ruim, mas tá bom’ – uma realidade que muitos vivem, mesmo sem gostar dela.

Quero deixar claro que ‘caminhar um quilômetro extra’ não significa sacrificar sua saúde ou perder noites de sono, ao contrário, é sobre fazer a diferença com equilíbrio e consciência.

O mundo precisa de pessoas que façam a diferença de forma positiva, não importa sua origem, cor, identidade ou crenças. A diversidade de experiências e perspectivas é uma riqueza que devemos celebrar.

Caminha um quilômetro extra na prática significa:

• Buscar mais do que a mediocridade, indo além do esperado sem sacrificar o equilíbrio;
• Realizar as tarefas com dedicação, atenção e respeito pelos outros;
• Estar disposto a oferecer ajuda quando possível, com empatia e consideração;
• Valorizar o ser humano em todas as suas formas e situações;
• Ouvir verdadeiramente, em vez de simplesmente escutar;
• Agir com propósito e buscar contribuir de forma significativa, mais do que simplesmente pelo dinheiro;
• Ser autêntico no que faz, trazendo sua própria visão e criatividade;
• Manter o bom humor e a esperança, mesmo diante das adversidades.”

Imagine se o vencedor da maratona, nos últimos dois quilômetros, começasse a reclamar da dor e do cansaço: ‘Isso nunca acaba!’ Mas, ao contrário disso, ele segue em frente com determinação, sabendo que o esforço extra é o que o levará à vitória. Como afirmou Muhammad Ali, ‘treine agora e será um campeão para sempre’.

Isso não significa ignorar o cansaço, mas aprender a lidar com ele de forma construtiva, persistindo mesmo quando as coisas se tornam difíceis.

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