A origem da resistência
Os seres humanos carregam dentro de si o que a neurociência chama de ‘cérebro reptiliano’, uma parte primitiva do cérebro que tem suas raízes em nossa evolução e foi crucial para nossa sobrevivência por milênios. Ele é responsável por impulsos básicos como medo, fome e raiva, e continua a influenciar nosso comportamento até hoje.
O cérebro reptiliano não é apenas um conceito: é uma realidade biológica que ainda molda nossas reações. Ele está em constante alerta, buscando segurança e evitando riscos. Em um mundo moderno de constante mudança e pressão, ele nos faz preferir a zona de conforto, onde os desafios parecem menores, mesmo quando a verdadeira realização exige sair dessa zona.
A complexidade do mundo moderno, com sua constante competitividade e informações em excesso, faz com que o cérebro reptiliano se manifeste com mais frequência. Hoje, podemos perceber claramente quando estamos agindo com razão e reflexão, ou quando nossos impulsos emocionais, originados dessa parte primitiva do cérebro, nos guiam para decisões baseadas no medo ou na busca por segurança.
Embora tenhamos evoluído em muitos aspectos, especialmente na cooperação, o cérebro reptiliano ainda rege nossas reações mais instintivas e automáticas. Ele é irracional, inconsciente, e muitas vezes nos impede de agir de forma mais consciente ou reflexiva.
Seth Godin, autor de A Vaca Roxa e outros best-sellers, explica que o cérebro reptiliano vai até as últimas consequências para evitar a dor e a rejeição, preferindo fugir a enfrentar. Ele é movido pelo medo da perda e da exclusão, e se preocupa excessivamente com o que os outros pensam, já que manter o status na ‘tribo’ é vital para sua sensação de segurança.
Os animais ainda operam em sua totalidade com o cérebro reptiliano. Eles agem por instinto, sem reflexão ou dúvida. Um leão, por exemplo, não fica questionando: ‘Devo caçar essa presa ou não?’ Ele age de forma imediata e instintiva, uma resposta que o ser humano, com seu cérebro mais complexo, nem sempre consegue controlar.
O cérebro reptiliano é a fonte dos nossos medos e resistências. Ele é a razão pela qual muitas vezes não conseguimos expressar o verdadeiro potencial. Esse medo constante de falhar ou ser rejeitado é o maior bloqueio à nossa genialidade e ao nosso desejo de realizar algo significativo.
Quantas boas ideias você já teve? Centenas, talvez. Mas quantas delas você realmente levou adiante? Em todos nós, existem duas forças em conflito: o impulso para avançar, para o ‘sim’, e o medo de falhar, o ‘não’. Somos todos uma mistura de otimismo e pessimismo, genialidade e resistência.
O ‘daemon’, palavra grega, era considerado pelos antigos gregos como uma força criativa e inspiradora que habita cada um de nós. Os romanos chamavam essa força de ‘gênio’, uma entidade interna que nos impulsiona a criar e a transformar qualquer área em que decidimos nos expressar.
Antes da Revolução Industrial e da consolidação dos empregos formais, éramos todos ‘gênios’, impulsionados pela criatividade e pela vontade de criar. Cada um de nós poderia ser um artista, um inovador, um músico, um criador. Hoje, essa mesma criatividade é ainda mais essencial, mas frequentemente sufocada por sistemas rígidos e previsíveis.
Com a Revolução Industrial e a promessa de empregos seguros e estáveis, a maioria foi condicionada a seguir rotinas rígidas e previsíveis. Esse sistema, ainda presente em muitas estruturas de trabalho hoje, muitas vezes reprime nossa criatividade e alimenta nossa resistência a mudanças.”
A resistência é uma força primitiva que existe há milhões de anos, e o daemon (nosso gênio criativo) também. No entanto, a resistência é, na maioria das pessoas, mais forte. Ela teme o desconhecido, o risco de se tornar diferente. A resistência não está acostumada ao sucesso ou à mudança, por isso, ela assume o controle e tenta nos proteger de algo que considera perigoso: a ousadia de sermos autênticos.
Imagine tentar abandonar um emprego estável, que você conquistou com tanto esforço – talvez um cargo público, uma posição segura, que te garante a tranquilidade financeira, mas que não te faz feliz. O cérebro reptiliano, com sua necessidade de segurança, está programado para manter você nesse ‘porto seguro’, ainda que isso signifique não viver de forma plena.
Consequências da resistência
A resistência cria um conflito interno, uma angústia, entre as ideias brilhantes que surgem de nosso daemon e a realidade ‘segura’ do mundo lá fora. Ela nos diz para esperar até a aposentadoria – afinal, são apenas 20 anos, não é? E o que são 20 anos diante da segurança de um emprego fixo, se você pode simplesmente ‘jogar seguro’ e não tentar a ideia maluca de abrir seu próprio negócio?
Em todos os momentos, a resistência trabalha para reprimir as ideias criativas que vêm de nosso daemon. Quantas vezes você teve ideias fantásticas, mas não as levou adiante por medo, procrastinação ou insegurança? O pior é que muitas dessas ideias podem ter renascido em outra pessoa – alguém que soube neutralizar a resistência e aproveitá-las de maneira mais eficaz.
Um exemplo notável é o de Eloy D’Avila, fundador da Flytour, que já dono da maior empresa de pacotes de viagem do Brasil. Sua trajetória foi marcada por desafios imensos, mas, apesar de toda a resistência que enfrentou, tanto interna quanto externa, ele conseguiu transformar sua visão em uma história de sucesso, demonstrando que o daemon pode superar qualquer obstáculo.
Eloy D’Avila enfrentou uma série de adversidades extremas: passou por situações de violência, pobreza extrema, privações físicas e emocionais, mas superou tudo isso. Sua capacidade de perseverar diante de uma realidade desafiadora é um exemplo claro de como a resistência pode ser vencida, e como um verdadeiro gênio criativo pode criar algo grandioso, independentemente das circunstâncias.
Se você acha que tem problemas, eu recomendo que leia a história de Eloy D’Avila. Você pode facilmente encontrar seu relato online, uma verdadeira lição de vida e superação. É uma história inspiradora que vai te fazer refletir sobre as dificuldades que você enfrenta e como é possível superá-las, não importa o quão desafiadoras sejam.
A resistência adora normas, regras rígidas e procedimentos. Ela se alimenta da ideia de que você precisa seguir um caminho tradicional – estudar, passar em um concurso, ter um diploma – para ser ‘bem-sucedido’. Ela não quer que você questione o status quo, nem que procure alternativas criativas. Ela quer que você aceite a vida como ela é, sem ousar tentar algo novo. Afinal, já não é suficiente ‘ter chegado até aqui’?
Isso acontece tanto na vida pessoal quanto na profissional. Muitas pessoas vivem em função da resistência, sempre aderindo às regras e àquilo que é ‘seguro’. ‘Em time que está ganhando, não se mexe’, elas dizem. A resistência sussurra constantemente no seu ouvido: ‘Cuidado, você pode fracassar’.
Cada vez que você ouvir a voz da resistência, lembre-se: o fracasso é parte inevitável do processo. A maioria das pessoas que já fracassaram, incluindo seus amigos e colegas, estão vivas e, muitas vezes, superaram essa resistência interna. O que importa é seguir em frente, aprender e continuar tentando.
Como Seth Godin bem diz, ‘você se torna um vencedor quando se torna bom em fracassar’. A cada tentativa, você fortalece seu daemon e mostra à resistência que ela não tem poder sobre você. Portanto, siga em frente e lembre-se: o verdadeiro sucesso está na coragem de tentar novamente.
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