Durante a última semana, um amigo lançou essa pergunta que me fez pensar fora da caixa. Isso vale tanto para a vida pessoal quanto a vida profissional: você está feliz ou confortável? Ser ou estar feliz é bem diferente de estar confortável.
Em certos aspectos, a zona de conforto prevalece mais do que a força de vontade ou a necessidade de mudar e isso, definitivamente, não é bom para ninguém, por inúmeras razões. A principal delas é que a zona do conforto é o melhor caminho para a estagnação e no mundo que nos pressiona para andar mais depressa e o tempo passa mais rápido do que gostaríamos, estagnar significa regredir.
Na vida pessoal, a manutenção do casamento por conveniência é o exemplo mais próximo da zona de conforto para muitos casais. Há mulheres que não estão felizes, porém são resignadas porque o marido ganha bem, elas mantêm uma boa posição social e, apesar das dificuldades, as aparências e uma pseudossegurança falam mais alto do que a busca da felicidade.
Alguns homens, por sua vez, aparentam certo grau de felicidade, mas, na prática, mantém seus “romances” por fora, enchem as esposas oficiais de presente e há quem se aproveite da sua cruel dependência financeira. Contudo, perante a sociedade, são vistos como pessoas felizes que mantém o espírito de família, a que custo pouca gente sabe.
Na vida profissional não é diferente. Vejo muito isso no serviço público, mais do que na iniciativa privada, entretanto, ambos apresentam exemplos gritantes. O sujeito não gosta do que faz, o ambiente é péssimo e o chefe é um traste, mas o salário é ótimo, os benefícios são melhores ainda e, acima de tudo, estabilidade é fundamental.
Tanto a iniciativa privada quanto a pública são capazes de gerar sofrimento e zona de conforto até o dia da aposentadoria quando, finalmente, ocorre o grito de libertação. Foi necessário jogar um terço da vida pelo ralo para reiniciar a caminhada em direção à felicidade e, mesmo assim, poucos se dão conta disso, a maioria se conforma.
Confesso que não é tão simples quanto escrever sobre isso. Eu tive que mudar oito vezes de emprego até entender, depois de cinquenta anos bem vividos, que a felicidade estava na minha zona de desconforto. Para isso, foi necessário encarar o medo de frente com todas as armas que eu tinha em mãos até o momento.
Há pouco tempo, tomei uma decisão que mudou radicalmente o meu conceito de sobrevivência e passei a trabalhar por conta própria fazendo aquilo para o qual havia me preparado durante anos, de maneira instintiva: transmitir conhecimento e servir ao próximo da melhor forma possível.
Depois de tantos livros publicados, cursos de coaching realizados, módulos de MBA e projetos de consultoria bem-sucedidos numa grande empresa de consultoria do sul do país, pensei comigo: por que não transformar tudo isso em fonte de renda definitiva sem vínculo empregatício?
Parece simples, mas não foi bem assim. Tive que investir pesado em marketing, criação de site, blogs, páginas nas redes sociais, rede de contatos e ainda gastei muita sola de sapato para visitar uma boa parte das empresas por todos os lugares onde passei. Valeu a pena? Tudo na vida vale a pena…
Em geral, tudo o que você fizer para sair da zona de conforto dará muito trabalho. Escrever, estudar, pensar, vender, empreender dá trabalho, sem contar ainda o fato de que, como empreendedor, é impossível se acomodar.
A maioria das pessoas que conheci e que deram a volta por cima, seja no trabalho ou nos relacionamentos, estabeleceu uma ruptura definitiva com a zona de conforto. É o que se chama em marketing de trade-off. A vida também é feita de trade-offs, ou seja, escolhas que nos obrigam a pensar fora e dentro da caixa para nos tornarmos aquilo que realmente podemos ser.
Em síntese, sem trade-off não há mudança e sem mudança não há crescimento em todos os sentidos. Pode-se até viver uma vida relativamente confortável pelo bem dos filhos, da família, da preservação do patrimônio ou mesmo da religião, mas, lá no fundo, a consciência funciona como um verdadeiro carrasco sempre com o machado na mão.
Então, você está feliz ou confortável? O que ainda falta para você deixar a zona de conforto e elevar o seu grau de felicidade? Quantos verões, invernos, outonos e primaveras ainda serão necessários para a maioria entender que a felicidade está a anos-luz da sua zona de conforto?
Calma! Você ainda tem trezentos e sessenta e cinco dias pela frente, entretanto, caso opte pela zona de conforto e sinta-se desconfortável por isso, volte a ler esse artigo no final do ano quando mais um ano se foi e muitas oportunidades foram desperdiçadas ao alcance das suas mãos.
Queria estar aí dentro da sua mente agora, mas é impossível, então, sugiro o seguinte: dia sim, dia não, viva a felicidade, pois se a desejasse vinte e quatro horas por dia, morreria frustrado. O que importa é a forma como você a contabiliza, valorizando as coisas boas e ignorando, sempre que puder, as coisas ruins. Como diria o escritor francês Jules Renard, do século 19, “caso se construísse a casa da felicidade, seu maior cômodo seria a sala de espera”.
Pense nisso, empreenda, mexa-se, desafie a si mesmo, reconstrua a caminhada e seja bem mais feliz!
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