O conceito de discernimento
Discernimento é a capacidade de compreender e avaliar diferentes situações e informações com sabedoria e bom senso, a fim de tomar decisões adequadas e justas. É a habilidade de distinguir entre o certo e o errado, o verdadeiro e o falso, o importante e o secundário, e de escolher o caminho mais apropriado a seguir.
De maneira geral, o discernimento envolve a análise crítica e reflexiva de questões complexas, a consideração de múltiplas perspectivas e a avaliação cuidadosa das consequências de diferentes escolhas. Pode ser considerado um sinônimo de juízo, sabedoria, inteligência prática, sagacidade ou perspicácia.
Um exemplo de discernimento pode ser a escolha de um profissional em aceitar uma proposta de emprego. Para isso, ele pode analisar diversos fatores, como a remuneração oferecida, a localização da empresa, as perspectivas de crescimento profissional, o ambiente de trabalho, a cultura organizacional, entre outros.
Ao avaliar esses fatores, o profissional pode usar seu discernimento para tomar uma decisão informada e consciente, escolhendo o emprego que melhor se adequa às suas necessidades e objetivos pessoais e profissionais.
O discernimento pode ajudar a evitar escolhas precipitadas ou inadequadas, garantindo que as decisões sejam tomadas de forma cuidadosa e ponderada.
Uma estória de discernimento
Discernimento pode parecer uma palavra complexa e talvez você não tenha a definição na ponta da língua, mas o conceito é simples. Para exemplificar, deixe-me relembrar a história do juiz sufi, convocado para resolver uma pendência entre duas pessoas que afirmavam ter razão sobre determinada questão, cada um à sua maneira.
Pois bem, pode expor suas razões – decretou o juiz a um deles, depois de colocar os dois, lado a lado, e nomear um escrivão para anotar as declarações de cada indivíduo. Enquanto o primeiro argumentava, o juiz ouvia com atenção e paciência.
Senhor juiz, eu tenho razão, por isso, por isso e por isso. E continuou discorrendo longamente durante vários minutos. Ele argumentou com tanta propriedade e tanta eloquência que o juiz não teve alternativa senão olhar para ele e afirmar: de fato, você tem razão!
Como assim, seu juiz? Manifestou-se o oponente. Eu ainda não tive a oportunidade de falar. Pois bem, pode expor suas razões – decretou o juiz, tendo o escrivão por testemunha.
Senhor juiz, acredito que eu tenho razão, por isso, por isso e por isso. E continuou discorrendo longamente durante alguns minutos. Da mesma forma que o suposto adversário, argumentou com tanta propriedade e eloquência que o juiz não teve alternativa senão olhar para ele e afirmar com segurança: de fato, você tem razão!
Espera aí, seu juiz, os dois não podem estar certos ao mesmo tempo – declarou o escrivão, surpreso. E prontamente o juiz observou: tem razão!
Moral da história: ter ou não ter razão sobre determinada questão é algo que depende muito do ângulo de observação de cada pessoa em particular.
Discernimento na prática
Assim como na parábola do juiz sufi, tudo na vida é uma questão de ponto de vista e, de uma forma ou de outra, em qualquer situação, sempre temos razão. Obviamente, sob determinado juízo de valor, fruto de modelos mentais previamente estabelecidos, ninguém quer renunciar a nada.
Por conta disso, casamentos desmoronam, relacionamentos se deterioram, a violência aumenta, filhos se revoltam e o ambiente de trabalho se transforma em palco de competição, inveja, ganância. Quando os princípios e valores não são levados em consideração, torna-se ainda mais difícil praticar o discernimento.
Tudo o que você precisa na vida é de discernimento. Bem ou mal, certo ou errado, bom ou ruim, melhor ou pior, puro ou impuro, são conceitos que dependem exclusivamente da sua escala de valores pessoais.
Em geral, não podemos estar certos nem errados o tempo todo; portanto, discernimento é uma qualidade imprescindível para o crescimento pessoal e profissional das pessoas em qualquer parte do mundo.
Na prática, discernimento nada mais é do que a sua capacidade de absorver o ponto de vista alheio, sem deixar que isso interfira no seu modo de pensar ou provoque qualquer juízo de valor equivocado a respeito do seu interlocutor.
É a nossa capacidade de respeitar a opinião, o modo de vida, a opção sexual, a religião e a argumentação alheia, sem necessariamente concordar com ela.
Apesar das diferenças de opinião, comum em tempos de democracia e fruto da necessidade de evolução do ser humano, não é necessário concordar com tudo nem discordar de tudo para viver em harmonia.
Quando você tenta convencer as pessoas de que o seu ponto de vista é o melhor, surgem conflitos, desavenças e diferenças de valor. Como eu digo sempre, eu não preciso amar você pra gente se dar bem.
Em qualquer situação, ter ou não ter razão nunca terá um desfecho positivo quando a opinião ou o ponto de vista alheio não é aceito livremente. O convencimento deve ser espontâneo, natural e transformador.
Na medida em que você respeita uma ideia diferente, sem necessidade de fazer valer o seu ponto de vista, você amadurece, assegura o equilíbrio e tende a sofrer menos.
A cada momento que você se dispõe a julgar, criticar, rotular, prejulgar ou preconceber qualquer tipo de comportamento, se afasta ainda mais da sua sabedoria.
Por fim, discernimento é a capacidade de transitar por todas as diferenças de cores, culturas, credos e opiniões, sem necessariamente se apegar a nenhuma delas, ao mesmo tempo em que você aproveita o que há de melhor em todas elas. É simples assim!
Quer saber mais? Leia o meu artigo Pobreza e riqueza: um estado de espírito
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