A construtora KONGO GUMI, com sede em Osaka, no Japão, é considerada a empresa mais antiga do mundo, segundo a Family Business Magazine, revista dedicada ao assunto nos Estados Unidos. Fundada no ano 578 da Era Cristã, definiu-se à época que a companhia seria uma referência na arte de construir e reformar templos religiosos.
Mais de 1400 anos depois, a missão da empresa continua sendo seguida à risca e a família comanda a empresa há praticamente 40 gerações, dentro da mesma atividade. Na ocasião, o príncipe japonês Shotoku convenceu os membros da família KONGO a vir da Coréia para o Japão e construir o tempo budista Shitennoji, o qual ainda existe. Durante séculos, a empresa Kongo Gumi participou da construção de muitos outros famosos templos e castelos, incluindo o Castelo de Osaka, no Século XVI.
Em pleno Século XXI, os descendentes da família KONGO permanecem construindo, reformando templos religiosos e comandando os negócios a partir de Osaka. Toshitaka Kongo é o atual presidente da empresa e Masakazu Kongo, o filho mais velho, continua nos bastidores à espera de um dia comandar a empresa no mais fiel e tradicional estilo de administração japonês, a exemplo da Toyota, Sony, Sumitomo, Nokia e outras grandes corporações daquele país.
Contrária às recomendações dos especialistas, a Kongo Gumi não abriu mão do seu propósito inicial nem desenvolveu uma nova linha de negócios. Nesse caso, a inovação não se fez necessária para manter a empresa viva, o que torna mais difícil o entendimento sobre o que realmente leva uma empresa a perpetuar.
Na América, segundo a Family Business Magazine, a empresa familiar mais antiga em atividade é a ZILDJIAN CYMBAL CO., fundada no ano de 1623 na cidade de Constantinopla, por um alquimista de nome Avedis I, que descobriu na combinação do cobre, estanho e prata, a liga metálica ideal para a fabricação do címbalo, um instrumento de percussão que foi o precursor dos instrumentos do jazz atual.
A família Zildjian imigrou para a cidade americana de Massachusetts em 1929, capitaneada por Avedis Zildjian III, a fim de se estabelecer como importadora e fabricante de instrumentos de percussão, dando continuidade ao negócio, 306 anos depois de sua fundação, mais um caso de empresas feitas para durar.
Em 2002, seu filho Armand modernizou a fábrica. Em 2023 a empresa deverá completar 400 anos de existência sem perder a essência nem se distanciar da sua missão original. Em 2023, quando eu completar 60 anos de vida, pretendo comemorar os 20 anos da minha missão pessoal com o mesmo espírito e o orgulho com que a ZILDJIAN deverá comemorar os seus 400 anos de existência.
Empreendedores sérios – criadores ou sucessores – não abrem mão de construir um sonho baseado em princípios e valores capazes de alterar o destino da humanidade. Quando iniciam qualquer empreendimento no complexo mundo dos negócios, é natural que pensem em ganhar dinheiro, mas devem pensar, acima de tudo, em como construir um empreendimento capaz de gerar valor e prosperidade para todos os envolvidos no processo. Qualquer propósito diferente disso soa egoísmo, avareza e oportunismo.
Empresas feitas para durar são movidas pelo verdadeiro espírito empreendedor e este, por sua vez, aflora somente quando o sentido de contribuição é levado em conta. O empreendedor que não considera o bem-estar das pessoas e do planeta em sua missão terá muito mais dificuldades para conquistar o respeito e a admiração da sociedade.
Pense nisso e empreenda mais e melhor!
Nota:
Pouco tempo depois de escrever esse artigo, recebi a notícia de que a Construtora Kongo Gumi requereu a falência no Japão, em virtude dos negócios mal realizados pelos herdeiros na última crise mundial. É uma pena, pois conseguiram a proeza de encerrar um negócio milenar, sinal de que a cabeça que cria não é a mesma que consegue manter. Porém o exemplo fica, desde que não se perca o foco do negócio.