Dez mil horas passam rápido
Poucas coisas motivam tanto o ser humano quanto a possibilidade de fazer sucesso e, consequentemente, amealhar uma grande quantia de dinheiro.
Imagine se você recebesse a promessa de ganhar um milhão de reais para realizar um curso superior de suma importância para o seu país, desde que você nunca faltasse a uma aula e suas notas fossem superiores a 9 durante o tempo em que permanecesse na universidade. Você acredita que conseguiria?
Apesar de você dizer que sim, quatro ou cinco anos de espera é muito tempo para alguém manter a disciplina e renunciar a prazeres imediatos por conta de um futuro distante.
Durante todo esse tempo, a mídia despeja no seu ouvido, de 15 em 15 segundos, a ideia de que você pode ser feliz agora e a felicidade está ao seu alcance na casa lotérica, no show do milhão ou na concessionária de veículos mais próxima.
Agora, imagine se o seu único filho estivesse acometido de uma doença rara e o tempo de vida dele estivesse limitado a cinco ou seis anos, além de o tratamento ser disponível somente no exterior e custar um fábula de dinheiro.
Se a pessoa que você mais ama no mundo estivesse em perigo, você conseguiria manter a disciplina e o esforço necessário para conseguir um milhão de reais?
Ao reconhecermos o fato de que temos plenas condições de assumir um compromisso, admitimos também a capacidade de seguir até o fim. É uma questão de determinação e comprometimento.
A grande realidade é que, para conquistar o respeito e a confiança alheia, precisamos encarar os compromissos com seriedade. Em geral, o ser humano é o campeão da desistência, da falta de comprometimento, da procrastinação, das justificativas sem fundamento, enquanto a vida vai passando furtivamente diante dos seus olhos.
A teoria das dez mil horas | O poder do treinamento
Você já ouviu falar de Bill Joy, criador de uma das linguagens mais utilizadas em computação – a Java – e conhecido como o “Edison da Internet”, uma alusão a Thomas Edison? Joy é uma das personalidades mais influentes do mundo da computação. Foi ele quem escreveu a maior parte do software que nos permite acessar a Internet.
Na década de 1970, aos 17 anos, Bill Joy entrou para a Universidade de Michigan, a única que oferecia um Centro de Computação arrojado para a época, quando foi contagiado pela mania de programação.
O centro funcionava 24 horas e Joy ficava por lá durante a noite toda. Voltava para casa a pé nas primeiras horas da manhã. Para se tornar um expert no assunto, estava determinado a aprender e, por conta disso, chegava a passar de 8 a 10 horas programando todos os dias. Às vezes, adormecia sobre o teclado. Durante 5 anos na Universidade, foram mais ou menos dez mil horas de programação. Pura determinação. Trinta anos depois, o mundo da Internet continua reverenciando Bill Joy.
De acordo com o psicólogo Michael Howe, as obras iniciais de Mozart não eram nada excepcionais. As primeiras peças do músico foram escritas por seu pai e, provavelmente, aperfeiçoadas durante o processo.
Muitas composições de Mozart durante a infância são em grande parte arranjos para obras de outros músicos. De todos os concertos mais antigos, apenas um é considerado uma obra-prima e, acredite, foi criado quando Mozart tinha 21 anos.
Essa á uma informação muito diferente daquela que retrata o gênio tocando piano aos 5 anos de idade em Amadeus, o filme. Nessa idade, Mozart já vinha compondo concertos há mais de 10 anos.
Em seu livro Fora de Série (Outliers), o jornalista norte-americano Malcolm Gladwell afirma que Mozart, o maior prodígio musical de todos os tempos, só conseguiu atingir a plena forma depois de dez mil horas de treinamento.
Segundo Gladwell, a prática não é aquilo que uma pessoa faz quando se torna boa em algo, mas aquilo que ela faz parar se tornar boa em algo. Para Mozart, determinação e comprometimento significavam a perfeição.
O terceiro e último exemplo vem dos (The) Beatles. John Lennon e Paul McCartney começaram a tocar juntos em 1957, portanto, sete anos antes de pisarem em solo norte-americano.
Suas maiores realizações artísticas, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967) e The White Album (1968), aconteceram somente dez anos depois de suas primeiras apresentações.
Em 1960, ainda restritos ao mundo do rock do ensino fundamental, os Beatles foram convidados para se apresentar em Hamburgo, na Alemanha. Muitos grupos de rock que se apresentavam nas boates e casas de show em Hamburgo eram de Liverpool, segundo Philip Norman, biógrafo dos Beatles.
O que havia de especial em Hamburgo? Nada, a não ser o fato de que deveriam tocar horas a fio sem parar perante uma plateia indiferente. A quantidade de tempo que a banda era forçada a tocar foi determinante para torná-los melhores e mais confiantes.
Em Hamburgo, eram oito horas por dia, sete horas por semana e 270 noites em apenas um ano e meio de apresentação. Em 1964, quando o mundo se rendeu aos Beatles, eles já haviam se apresentado ao vivo cerca de 1200 vezes.
Dez mil horas de determinação e comprometimento
O que é que você tem a ver com tudo isso? Não existe esse tal de almoço grátis. Dez mil horas é uma boa métrica paras de aprender algo. Além do mais, a vida é um eterno dar e receber. A exemplo dos Beatles, Mozart e Bill Joy, além de outras centenas de pessoas ilustres que tanto admiramos, a vida é uma questão de determinação e comprometimento. Todo o esforço tende a ser recompensado. Quando aliado à oportunidade, o êxito é apenas uma questão de tempo.
Lembre-se de que os problemas são comuns a todos os seres humanos na Terra. Um dia da caça, outro do caçador; um dia no topo, outro no vale; a vida é feita de altos e baixos para o nosso próprio crescimento pessoal.
Portanto, levantar todos os dias querendo ser testado, promovido, convidado para fazer parte de um projeto, de novos desafios, agraciado com novas ideias e realizações, é também uma questão de sobrevivência.
Viva todos os dias como se fosse o último e faça do dia seguinte um dia sempre melhor do que o dia anterior. Descubra qual é a sua missão de vida e se entregue verdadeiramente naquilo que faz. Coloque o seu coração e a sua alma em todas as suas realizações.
Procure promover o bem das pessoas ao seu redor. Seja íntegro, assuma a responsabilidade pelos seus atos, enfrente a realidade e nunca se curve diante das dificuldades. Elas são o caminho para um futuro melhor. O mundo não é apenas fantasia, fofoca, violência, televisão e consumismo exagerado. Você é mais forte do que a hipocrisia do mundo.
As palavras de Ken Blanchard são apropriadas nesse momento: há uma diferença entre interesse e compromisso. Se você está interessado em fazer alguma coisa, você a faz apenas quando lhe é conveniente. Quando está comprometido com a realização de determinada coisa, você não aceita desculpas, apenas resultados. É simples assim!
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