Estar online virou condição de existência?
Parafraseando Drummond, no meio do caminho havia uma Internet; havia uma Internet no meio do caminho. Esse artigo foi escrito há mais de doze anos, mas cabe uma reflexão ajustada ao momento em que vivemos.
Presente em quase tudo o que fazemos, ela se tornou parte essencial do nosso trabalho, do lazer, dos relacionamentos e até da forma como pensamos. É difícil imaginar a vida sem estar conectado. Mas, justamente por isso, ela também pode se transformar em um obstáculo para quem perde o equilíbrio entre estar online e viver o mundo real.
Ela se impôs como paisagem inevitável. Já não é apenas distração: é trabalho, é estudo, é encontro, é palco. E, ainda assim, continua sendo também fuga. Cada notificação, cada curtida, cada mensagem é um convite para adiar o que exige mais de nós — o silêncio, a disciplina, a construção paciente.
O doce veneno da validação digital
Hoje, não se trata mais apenas de navegar em redes sociais ou assistir a vídeos aleatórios ou sugeridos pelos algoritmos. Plataformas como Instagram, TikTok, WhatsApp, X (antigo Twitter) e tantas outras criaram ambientes que prendem nossa atenção por horas, sempre com um novo conteúdo, uma notificação, uma curtida.
A sensação de pertencimento é tentadora: quando alguém comenta, compartilha ou reage ao que publicamos, experimentamos uma validação que reforça o desejo de continuar ali.
Esse ciclo pode ser saudável, desde que usado de forma consciente. O problema aparece quando a busca por relevância ou distração ocupa o lugar de coisas que realmente dão sentido à vida: desenvolver projetos, cultivar relacionamentos profundos, estudar, cuidar da saúde, explorar talentos e viver experiências fora da tela.
Não é raro confundir atividade online com produtividade. Passar horas comentando, curtindo ou rolando a tela dá a impressão de participação, mas nem sempre produz resultados concretos. A Internet nos conecta, mas também pode nos aprisionar em uma rotina de reações rápidas que substituem o esforço mais longo e desafiador de criar algo significativo.
Não se trata de demonizar a Internet; ao contrário, ela é uma ferramenta extraordinária quando usada com clareza de propósito, uma das ferramentas mais poderosas do nosso tempo. Nela podemos aprender quase tudo, lançar negócios, divulgar nossa arte, encontrar comunidades, gerar impacto. A questão não está na tecnologia, mas na maneira como escolhemos conviver com ela.
E aqui cabe a pergunta: o que você tem feito com o seu tempo online? Ele tem servido como ponte para aquilo que deseja construir ou apenas como distração para preencher vazios?
Do vício ao propósito: a escolha é sua
Equilibrar essa relação não é uma tarefa fácil; entretanto, para transformar a Internet em aliada — e não em obstáculo (pedra) –, algumas práticas podem ajudar:
- Defina limites de tempo: não é preciso viver desconectado, mas sim escolher quando e por quanto tempo se conectar.
- Transforme consumo em criação: em vez de apenas rolar feeds, use a rede para publicar, ensinar, aprender, criar algo que carregue a sua marca.
- Estabeleça prioridades claras: antes de abrir um aplicativo, pergunte-se se ele aproxima ou afasta do que você realmente deseja.
- Pratique pausas conscientes: permita-se momentos fora da tela, para que a mente respire e as ideias amadureçam.
A Internet pode ser tanto uma pedra quanto um degrau. Cabe a cada um decidir se ela será peso que distrai ou força que impulsiona. Porque, no fim, não é a rede que escolhe por você — é você quem escolhe o que fazer com ela.
A disciplina digital não significa isolamento, mas sim liberdade. Quando conseguimos escolher o que realmente vale nossa atenção, a Internet deixa de ser um peso no caminho e passa a ser um trampolim para novas conquistas.
O convite, portanto, é refletir: como você tem usado a Internet? Ela está ajudando a aproximar você do que mais deseja ou apenas preenchendo o tempo com estímulos rápidos? A resposta a essa pergunta pode determinar não só a qualidade do seu presente, mas também a forma como você construirá o futuro.
A escolha é simples, embora não seja fácil!
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