O preço das escolhas
Antes de avançar na reflexão, vale esclarecer alguns conceitos centrais. Quando aqui falo de “preço”, refiro-me não apenas ao custo financeiro, mas, sobretudo, ao preço emocional, moral, ético, psicológico e até social que cada escolha ou ação pode representar na vida de uma pessoa.
“Valores” são ideias, crenças e critérios que orientam decisões individuais ou coletivas, podendo variar conforme a cultura ou o contexto; já “princípios” são normas universais, como honestidade e justiça, que permanecem constantes e servem de alicerce para o caráter, independentemente das circunstâncias.
Qual é o seu preço?
Tudo na vida tem seu preço—seja positivo ou negativo, concreto ou invisível. Essa verdade permeia escolhas cotidianas, relações pessoais, decisões profissionais ou políticas. O poder, por exemplo, cobra um preço alto de quem o exerce sem consciência dos próprios limites ou sem respeito à ética. Em cargos públicos sem concurso, de empresas privadas ou até mesmo em pequenas lideranças locais, muitos enfrentam dilemas morais que, por vezes, ameaçam sua paz e liberdade.
O preço nem sempre se traduz em dinheiro; frequentemente, manifesta-se em noites mal dormidas, em consciência pesada ou até mesmo em vínculos familiares fragilizados. Basta observar, por exemplo, gestores que cedem à corrupção ou ao assédio do poder.
O dinheiro pode até comprar tranquilidade aparente, mas nunca apaga a vergonha pública ou o tormento íntimo. Ao maltratar, humilhar ou prejudicar alguém—por palavras, atitudes ou omissões—o “preço” pode se apresentar como culpa, arrependimento ou isolamento.
Pode-se chamar de Lei do Retorno, mas trata-se, na prática, daquilo que se planta e, cedo ou tarde, se colhe. Se a justiça dos homens falha, a justiça social ou a própria consciência do indivíduo tende a cobrar a conta, muitas vezes com juros ao longo da vida.
Casamentos exigem sacrifícios e ajustes; já separações geralmente envolvem um preço maior: dores profundas, ressentimentos, filhos distantes, vidas reconfiguradas. A solidão cobra caro por meio do esquecimento, da depressão, do afastamento dos amigos. O cotidiano é um mosaico de escolhas com preços variados.
A riqueza material pode trazer conforto, mas não garante riqueza de espírito. Há empresários que, apesar dos bens acumulados, carregam pobreza interior, enquanto pessoas simples acumulam valores e princípios sólidos, cultivando relações genuínas e dignidade. Valores mudam conforme o contexto e as experiências, mas princípios, como respeito, verdade e fidelidade, devem permanecer inabaláveis.
No panorama brasileiro, é comum atribuir nossos desafios à corrupção, mas, por vezes, o problema é mais profundo: a corrupção da alma, a perda de princípios básicos, como solidariedade, honestidade e responsabilidade social.
Não é raro ver pessoas que, diante de injustiças, preferem o silêncio e a omissão em vez de se engajarem em soluções. Muitos criticam leis e instituições, mas aplaudem práticas que perpetuam desigualdades. Exemplos concretos são abundantes: da escolha por pequenos favorecimentos no serviço público à aceitação de desvios éticos em ambientes privados.
Tudo pode ser negociado—até mesmo a própria alma. Para resistir às tentações do poder, à ganância e à propina, é preciso berço, princípios sólidos e consciência do preço que cada decisão acarreta. O Brasil não carece de leis; falta, sim, consistência de caráter, valores aplicados na prática e princípios universais respeitados diariamente.
A corrupção não se limita a grandes escândalos políticos. Ela se insinua nas pequenas ações, nos desvios cotidianos, na omissão diante do erro. O maior preço pago pelo Brasil é, talvez, esse: a erosão dos princípios que sustentam uma sociedade justa e digna.
Ninguém é perfeito, mas existe uma grande distinção de caráter entre aqueles que aprendem com os erros e aqueles que fazem do erro a sua bandeira de vida.
Gostou? Comente, compartilhe, retribua por todo conhecimento adquirido.
Quer saber mais? Leia o meu artigo Em busca de reconhecimento
Conheça o meu Canal no Youtube. Clique em Jerônimo Mendes
Visite minha página na Amazon e conheça meus livros: Livros Jeronimo
Conheça minhas Palestras e Treinamentos