O conceito de ética
Segundo o Aurélio, ética é o conjunto de regras e valores que orientam as ações humanas, permitindo apreciá-las e distingui-las. Quando aplicada ao trabalho, ela nos convida a observar, avaliar e, sobretudo, distinguir o que é justo do que é apenas conveniente.
Outros definem ética como a parte da filosofia que estuda os deveres do homem para com Deus e a sociedade. Prefiro simplificar: ética é a ciência de quem tenta ser justo e razoável com todos, da melhor forma possível, sem pensar apenas em si mesmo.
O problema é que a ética, na prática, não cabe com facilidade nas grandes corporações. O capital não tem tempo para esperar que ela se consolide como princípio.


Se fosse diferente, haveria mais equilíbrio na distribuição de renda, mais humanidade nas relações de trabalho e mais reconhecimento aos profissionais de valor, que hoje se transformam em simples números nos relatórios das empresas.
Quantos profissionais você conhece que conseguem “cumprir seus deveres com Deus e com a sociedade” dentro de uma empresa?
Quando tentam fazer isso à risca, são frequentemente isolados, desacreditados ou substituídos.
Vivemos num ambiente em que valores distorcidos são recompensados, e o comportamento ético, muitas vezes, é punido. No serviço público em geral, isso é evidente.
Percepções sobre Ética
Apesar dos inúmeros estudos, teorias e discursos sobre ética corporativa, as empresas continuam errando na condução dos negócios.
O capital humano nunca foi páreo para a ambição desenfreada do lucro. E quando a ambição ultrapassa os limites do razoável, a ética é atropelada, junto com o respeito pelas pessoas.
Muito se fala sobre repensar a relação entre capital e trabalho, para torná-la mais justa e humana. Mas o abismo entre o discurso e a prática continua enorme.
A sobrecarga de trabalho é um exemplo claro de imposição do poder. Reduz-se a equipe para aumentar o lucro, e o custo social cresce sem nenhum constrangimento.
Vivemos, ainda, uma nova era em que a tecnologia amplia o alcance das decisões, mas também os dilemas éticos.
As empresas monitoram comportamentos, utilizam algoritmos para avaliar desempenho e decidem com base em dados, muitas vezes sem transparência. A fronteira entre o uso responsável da tecnologia e o abuso do poder digital é tênue.
A ética, portanto, torna-se ainda mais essencial — não como discurso, mas como bússola moral que orienta o uso da inteligência artificial, da informação e da automação a favor das pessoas, e não contra elas.
Vale lembrar: empresas são feitas de pessoas — e pessoas erram. Mas em uma sociedade cada vez mais competitiva, errar virou pecado. O erro, que deveria ser parte do aprendizado, transforma-se em motivo para exclusão.
A chance de recomeço é cada vez mais rara. O erro de hoje é o passaporte para o emprego na concorrência, não para o crescimento interno.
As relações entre capital e trabalho tornaram-se frias, e as relações entre chefes e subordinados seguem o mesmo caminho. É mais fácil pressionar do que liderar. E num mundo incerto e polarizado, há pouco espaço para o diálogo e para a diversidade — justamente o que faz as organizações crescerem.
Como lembrava Nelson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”, mas poucos parecem compreender a sabedoria dessa frase.
Muitos profissionais, por sobrevivência, acabam trabalhando em empresas cujos valores entram em conflito com os seus.
Nessas organizações, a ética é apenas um item do manual de conduta — bonito no papel, mas ausente nas decisões do dia a dia.
Não existe emprego ideal. Mas existe trabalho ideal — aquele que nos move, nos desafia e nos permite acreditar que ainda há pessoas de bem, mesmo num mundo onde pensar diferente se tornou motivo de suspeita.
Parafraseando um dos executivos mais sensatos que conheci, a ética é o freio da ambição. O ser humano é capaz de grandes feitos por dinheiro e poder, e, muitas vezes, a ambição fala mais alto que a consciência — para desespero dos menos protegidos pelo sistema.
Conclusão sobre a ética
Ainda assim, não devemos perder a esperança. O mundo muda rápido, e há líderes e empresas que conseguem equilibrar interesse e propósito, lucro e humanidade. Elas mostram que é possível prosperar sem renunciar à ética, do respeito e da dignidade.
Por tudo que vivi, penso e desejo, sigo acreditando na justiça divina — mesmo diante da intolerância e da falta de bom senso que nos cercam. Deitar a cabeça no travesseiro com a sensação do dever cumprido, sem culpas nem mágoas, é um privilégio reservado aos que vivem com retidão.
Como dizia Otto Lara Resende, devemos continuar acreditando na utopia. Afinal, o mundo não precisa permanecer infeliz.
Por fim, a ética não envelhece. Ela apenas espera que o ser humano a redescubra.
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