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O mito da grande ideia [ empresas visionárias ]

O Caso HP

No dia 23 de agosto de 1937, dois engenheiros recém-formados e com vinte e poucos anos, com nenhuma experiência substancial em administração, se reuniram para discutir a fundação de uma nova empresa. No entanto, eles não tinham nenhuma idéia clara do que a empresa faria.

A única coisa que sabiam era que eles queriam abrir uma empresa em sociedade no amplo campo da engenharia eletrônica. Eles fizeram uma brainstorming para obter uma série de possibilidades iniciais de produtos e mercados, mas não tinham nenhuma grande ideia que servisse de inspiração para a nova empresa.

grande ideia

Bill Hewlett e Dave Packard decidiram primeiro abrir a empresa e depois resolver o que ela faria. Eles simplesmente começaram a trabalhar, tentando tudo o que pudesse tirá-los da garagem e pagar as contas de luz. Segundo Bil Hewlett:

  • Quando eu dou palestras em faculdades de administração, o professor de gerenciamento fica para morrer quando digo que nós não tínhamos planos quando começamos – éramos apenas oportunistas. Fazíamos qualquer coisa que nos trouxesse alguns trocados. Fabricamos um indicador de linha de colisão para boliche, um mecanismo de relógio para telescópios, um mecanismo para fazer com que a descarga fosse automaticamente acionada em mictórios e uma máquina de choques para fazer as pessoas perderem peso. Lá estávamos nós, com um capital de cerca de USD 500, tentando fazer qualquer coisa que alguém achasse que podíamos fazer.

O indicador da linha de colisão para boliche não revolucionou o mercado. A descarga automática para mictórios e as máquinas de choque para emagrecimento também não chegaram a lugar nenhum.

Na verdade, a empresa foi andando aos trancos e barrancos durante mais ou menos um ano antes da sua grande venda: oito áudio-osciloscópios para a Disney, para o filme Fantasia. Mesmo assim, a Hewlett-Packard continuou meio sem direção, aos trancos e barrancos com uma série de produtos, até receber o empurrão com contratos assinados durante a guerra no início da década de 1940.

A Texas Instrument, por outro lado, tem suas raízes num conceito inicial altamente bem-sucedido. A TI começou em 1930 com a razão social Geophysical Service Inc., “a primeira empresa independente a fazer levantamentos sismográficos de reflexão em campos de petróleo potenciais, e seus laboratórios no Estado do Texas desenvolviam e fabricavam instrumentos para este tipo de trabalho”. Os fundadores da TI, ao contrário de Hewlett e Packard, formaram uma empresa para explorar uma oportunidade tecnológica e mercadológica específica. A TI começou com uma “grande idéia”. A HP, não.

O Caso SONY

Quando Masaru Ibuka fundou a sua empresa, em agosto de 1945, não tinha nenhuma déia específica de produto. Na verdade, Ibuka e seus primeiros sete funcionários fizeram uma sessão de brainstorming – depois de abrir a empresa – para decidir quais seriam seus produtos.

Segundo Akio Morita, que entrou na empresa pouco depois de sua fundação, “aquele pequeno grupo se reunia em conferências… e durante semanas eles tentaram descobrir em que tipo de negócio a empresa poderia se aventurar para ganhar dinheiro a fim de operar”.

Eles consideravam uma série de possibilidades, desde sopa adocicada de creme de feijão até miniaturas de equipamentos de golfe e réguas de cálculo. E, além disso, a primeira tentativa de produção da Sony (uma simples panela elétrica para fazer arroz) não funcionava direito e o seu primeiro produto significativo (o toca-fitas) fracassou no mercado.

No início da sua existência, a empresa se mantinha costurando fios em tecido para fazer almofadas elétricas grosseiras, mas vendáveis. Por outro lado, o fundador da Kenwood, ao contrário de Ibuka na Sony, parecia ter uma categoria específica de produtos em mente. Ele batizou a sua empresa com o nome Kasuga Wireless Eletric Firm (Empresa Kasuga de dispositivos elétricos sem fio) em 1946 e “desde a sua fundação”, segundo o Japan Electronics Almanac, “a Kenwood sempre foi uma especialista pioneira em tecnologia de áudio”.

O Caso WAL-MART

 Assim como seus companheiros legendários Ibuka e Hewlett, Sam Walton também começou sem uma grande ideia. Ele abriu seu negócio com nada mais do que a vontade de trabalhar para ele mesmo e um pouco de conhecimento (e muita paixão) sobre vendas a varejo. Ele não acordou um dia e disse: “eu tenho uma grande ideia e com base nela vou abrir uma empresa”. Não.

Walton começou em 1945 com a franquia de uma lojinha Ben Franklin na cidadezinha de Newport, Arkansas. “Eu não tinha a menor ideia do escopo do negócio que eu estava começando, comentou Walton numa entrevista entre o New York Times, “mas sempre acreditei que enquanto fizéssemos nosso trabalho direito e tratássemos nossos clientes bem, não haveria limites para nós”. Walton foi crescendo aos poucos, passo a passo, a partir daquela lojinha até que a “grande ideia” de uma loja rural de descontos surgiu com uma etapa evolutiva natural quase duas décadas depois de ele ter aberto a sua empresa. Ele escreveu no livro Made in América:

  • De alguma forma, com o passar dos anos, as pessoas começaram a achar que a Wal-Mart era algo que eu tinha criado do nada na minha meia-idade, e que era apenas uma grande ideia que tinha se tornado um sucesso da noite para o dia. Mas (a nossa primeira loja Wal-Mart) foi uma evolução de tudo aquilo que eu tinha começado a fazer (desde 1945) – outro caso em que fui incapaz de deixar para lá outra experiência. E como a maioria dos sucessos da noite para o dia, levou cerca de vinte anos para ser desenvolvido.

Num capricho de ironia empresarial, a Ames Stores, concorrente direta da Walt-Mart, começou quatro anos antes da empresa de Sam Walton na área de lojas rurais de vendas a Varejo. Na verdade, Milton e Irving Gilman fundaram a Ames em 1958 especificamente para levar adiante “a grande idéia” de vendas a varejo na área rural. Eles “acreditavam que lojas de desconto fariam sucesso em cidades pequenas” e a empresa vendeu USD 1 milhão em seu primeiro ano de operações. (Sam Walton só abriu sua primeira loja de vendas a varejo para a área rural em 1962; até então, ele só tinha administrado um conjunto de pequenas lojas de variedades).

A AMES não foi a única que começou antes de Walton. Segundo Vance Trimble, que escreveu a biografia de Walton. “Outros varejistas já estavam no mercado (em 1962) fazendo exatamente o mesmo que ele. Só que ele fez melhor do que os outros”.

Outros casos

Poucas empresas visionárias têm suas raízes numa grande idéia ou num produto inicial fabuloso. J. Willard Marriott queria ter o seu próprio negócio, mas não tinha uma idéia clara do tipo de negócio que deveria abrir. Por fim, decidiu abrir a sua empresa com a única idéia viável que lhe veio à mente: tirar uma licença de franquia e abrir um posto de venda de cerveja não-alcoólica A&W em Washington, D.C.

A Nordstron começou como uma pequena loja de sapatos no centro de Seattle (quando John Nordstron, que tinha acabado de voltar da Corrida do Ouro no Alasca, não sabia mais o que fazer). A Merck começou como simples importadora de produtos químicos da Alemanha. A Procter & Gamble começou como mera fabricante de sabonetes e velas – uma das dezoito empresas deste tipo em Cincinnati em 1837.

A Motorola começou no ramo de consertos de eliminadores de baterias, trabalhando para o setor de rádios da Sears. A Philip Morris começou como uma pequena tabacaria na Bond Street, em Londres.

A 3M começou como uma mina falida de coríndon, deixando seus investidores com ações cujo valor de venda era equivalente a “duas ações por uma dose de uísque barato”. Sem saber o que mais fazer, a empresa começou a fabricar lixa. A 3M começou tão mal que o seu segundo presidente não recebeu salário durante os seus primeiros onze anos de posse.

Por outro lado, a Norton Corporation, concorrente direta da 3M, começou a vida com produtos inovadores num mercado que crescia rapidamente, pagando dividendos anuais em todos os primeiros quinze anos de operação, com exceção de um, multiplicando o seu capital por quinze neste mesmo período.

A HP, a Sony e a Walt-Mart não deram a mínima para o mito da origem das empresas – um mito com a imagem de um empresário que vê longe e funda a sua empresa para ganhar dinheiro com a idéia de um produto visionário ou uma percepção visionária de mercado.

De todas as empresas mencionadas no estudo, apenas três começaram com um produto ou serviço específico, inovador e altamente bem-sucedido – uma “grande ideia”: a Johnson & Johnson, a General Electric e a Ford. E mesmo nos casos da GE e da Ford, encontramos pequenas falhas na teoria da grande ideia.

Extraído e adaptado do livro Feitas para Durar, de Jim Collins

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